terça-feira, dezembro 12, 2006

jornalismo à la carte

A busca por uma informação isenta e imparcial levou ao longo dos anos a que se criasse um jornalismo conservador e assustado. Os jornalistas têm um medo visceral de pisar um risco imaginado por eles próprios. Desta forma considera-se uma fuga a determinados temas predefinidos como um deslize para o sensacionalismo. Que fobia é esta ao sensacionalismo que se transformou o jornalismo de bons vivants, inteligentes e mordazes em yuppies, vegetarianos, agarrados às novas tecnologias e de coluna impecavelmente hirta? O jornalismo deixa de ser paixão e passa a ser execução. Quando é que isto aconteceu? Porque é que ninguém reparou? Será um sinal dos tempos, uma nova vaga no mundo da informação? Ou será apenas a característica culpa cristã que assombra os profissionais da informação com um inferno jornalístico? Falsos pudicos. Não digo que a isenção e a imparcialidade não sejam um objectivo diário do jornalista. Nem pensar deixar de parte estas duas metas. Mas a verdade é que como qualquer meta estas também não nos dão garantias de chegar a elas como primeiros. É preciso antes de tudo definir estas imparcialidades e isenções. Rotulá-las à partida sem aplicar um pouco de bom senso e sem particularizar as situações tem consequências graves. O jornalismo perde o rigor que a imparcialidade e isenção tentam atingir e consequentemente o cidadão comum perde um direito há muito conquistado